quinta-feira, 14 de abril de 2011

Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel do Coliseu do Porto


I-Tunes:


“…A chamada música de salão sempre foi interpretada como um repertório destinado a divertir, a criar uma atmosfera de boa disposição e de bem estar, mas tudo isso com base num sentido de bom gosto que nunca se deveria desprezar.

Não se trata de modo algum de uma arte menor, mas sim de uma música que cumpre um determinado objectivo e preenche um determinado espaço no quotidiano das pessoas.

E assim, este trabalho da Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel do Coliseu do Porto não poderá jamais encarar-se como um recuo ou mesmo uma tentativa de recuperar algo em vias de extinção; muito pelo contrário, aponta o caminho para o tal bom gosto que é fundamental não se perder, através de umas músicas despretenciosas que irão obviamente evoluir, transformar-se, renovar-se com o natural correr dos tempos, mas sempre dentro de princípios ligados à defesa de um valor extremamente ameaçado ou degradado na actualidade e que se chama: qualidade de vida.”



António Victorino D’Almeida

(Fevereiro 2005)

Informações detalhadas:

Há algum tempo atrás, não era necessário andar muito pela cidade do Porto para encontrar os pares de bailarinos prontos a mostrar a sua arte de bem dançar. O centro da cidade estava repleto de espaços com orquestra privativa a receber todos aqueles que se dispusessem a uma tarde folia.
O Jardim Passos Manuel foi inaugurado a 18 de Março de 1908 e ao longo de três décadas foi local de guarida das noites boémias portuenses, dos amantes do cinema (com o animatógrafo mais evoluído da época), do music-hall e de outros acontecimentos culturais. Concebido com base nos jardins parisienses de então, apresentou os maiores êxitos musicais da época que faziam furor
por toda a Europa (a valsa, o rag-time, o one-step, o two-step, a marcha, o maxie, o fox-trot, o tango ...).
No início do século XX, a cidade do Porto assumia-se como o centro da actividade musical do país e o Jardim Passos Manuel, onde se passava parte da vida do Porto, era o lugar da cultura e ponto de encontro da sociedade portuense. Um local elegante, com amplos jardins, proporcionava todo o tipo de entretenimento: tinha um jardim-esplanada, um cinematógrafo, uma sala de “loto” (espaço que hoje é ocupado pelo cinema Passos Manuel), um cinema ao ar livre, quiosques, um restaurante de luxo, um café de negócios, um café concerto onde actuava permanentemente uma orquestra e dois sextetos, um salão de festas, um clube nocturno, um coreto em forma de concha onde tocavam as bandas filarmónicas e um parque para as crianças. Estar no Porto e não ir ao Jardim Passos Manuel era como ir a Paris e não ver a Torre Eifel ou ir a Roma e não ver o Vaticano. O espaço era de
tal forma importante para a cidade, que até tinha uma moeda própria aceite nas lojas e cafés da redondeza.
Em 1938, o Jardim Passos Manuel foi desactivado e posteriormente demolido para dar lugar a um novo teatro: o Coliseu do Porto. Por lá passaram orquestras que tocavam temas em voga. Havia música para várias formações, desde o sexteto ao noneto: piano, dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo (sexteto), e mais clarinete, flauta e oboé. Deste tempo, restam apenas as notícias, as fotografias, as lembranças e um espólio de mais de 2.000 partituras que é hoje a base de orientação da Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel do Coliseu do Porto.
Em 1991, a Orquestra do Salão Jardim apresentou-se uma única vez nas comemorações do cinquentenário do Coliseu do Porto e em 1996, com a aquisição desta casa de espectáculos, a Associação Amigos do Coliseu do Porto decidiu relançar este projecto. No dia 25 de Novembro de 1998 voltou a actuar na inauguração do Salão Jardim do Coliseu do Porto e a 31 de Dezembro fez a sua primeira apresentação no programa “Praça da Alegria”, transmitido pelo Canal 1 da RTP, onde passou a actuar regularmente até Dezembro de 2001. No dia 19 de Dezembro de 2001 tocou na Gala comemorativa do 60º aniversário do Coliseu e desde a sua formação tem actuado em diversos eventos culturais e recreativos de Portugal e do norte de Espanha.
No final do ano 2002, o Coliseu do Porto propôs-se a reavivar a tradição perdida dos espaços de dança, dando assim o seu contributo para a dinamização da baixa, e, uma vez por mês, os nove músicos da orquestra animam as tardes de domingo recriando a frescura e alegria do ambiente vivido no Jardim Passos Manuel no início do séc. XX. Já em Fevereiro de 2005 actuou nos Bailes de Carnaval do Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada, por ocasião da inauguração daquela magnífica sala de espectáculos, após a sua total recuperação.
Muito embora a sua designação e as partituras que integram o seu repertório sejam propriedade da Associação Amigos do Coliseu do Porto, que apoia este projecto, a Orquestra Salão Jardim Passos Manuel do Coliseu do Porto é um projecto autónomo
e único na Península Ibérica, atendendo ao seu repertório, de finais do século XIX e início do século XX.

Associação Amigos do Coliseu do Porto


1 - NO FOOLIN 03’04’’
G. Buck & J. F. Hanley (Fox-Trot)
2 - WALZERTRÄUME 07’36’’
Oscar Strauss (Valsa)
3 - LA BAILARINA 02’51’’
A. Pelllottieri (Tango)
4 - NAPOLI SERENADE 04’00’’
A. D\\\'Ambrosio (Serenata)
5 - ROSES D'AUTOMNE 04’31’’
Pierre Arezzo (Valsa)
6 - ANONA 03’32’’
Vivian Grey (Intermezzo, Two-Step Indien)
7 - TAKE A LITTLE ONE STEP 03’10’’
Vincent Youmans (Fox-Trot)
8 - ROYALE ESPAGNE 04’54’’
Edmond Missa (Valsa)
9 - PIROUETTE 03’11’’
Herman Finck (Intermezzo)
10 - DANCING MOON 04’20’’
Georges Aubry (Dança)
11 - GRIZZLY BEAR 02’47’’
George Botsford "arr. Francis Salabert" (Rag-Time)
12 - AMERICAN LIFE 02’58’’
H. Frantzen "arr. Francis Salabert" (Marcha e Two-Step)
13 - ELJEN A MAGYAR 03’30’’
Casabianca (Marcha Húngara)


Ref.: NUM 1129







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