sexta-feira, 29 de abril de 2011

DEBUT - Sonatas para Violino e Piano




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DEBUT

As Sonatas para Violino e Piano

César Franck | Edvard Grieg

BRUNO MONTEIRO – Violino
JOÃO PAULO SANTOS – Piano

Neste primeiro registo fonográfico do violinista Bruno Monteiro, acompanhado pelo pianista João Paulo Santos, podemos escutar as Sonatas para Violino e Piano dos compositores César Franck e Edvard Grieg.


Informação detalhada:


NOTAS DE PROGRAMA

Grande impulsionador do desenvolvimento da música francesa nos finais do século XIX, César Franck (1822-1890) notabilizou-se como compositor e influência determinante em posteriores gerações de músicos que mais tarde se destacaram no panorama musical françês.

Enquanto jovem, Franck estudou no Conservatório de Paris, onde a partir de 1872 viria a ser professor de órgão. Até essa data, trabalhava como organista na Igreja de S.ta Clotilde. Nas suas aulas de órgão (e por diversas vezes, contra a vontade dos seus colegas), ensinava composição aos seus discípulos, onde se incluíam personalidades como Vincent d`Indy, Ernest Chausson,
Gabriel Pierné, Henry Duparc e Louis Vierne.
A Sonata para Violino e Piano em Lá maior foi, de todo o seu universo composicional, a obra que mais popularidade alcançou. Composta em 1886 para o seu amigo de longa data, o célebre virtuoso belga Eugène Ysaÿe, esta foi-lhe oferecida como prenda de casamento e interpretada pela primeira vez durante a cerimónia matrimonial, que decorreu em Arlon, a 26 de Setembro, e em seguida, no Circle Artistique de Brussels, a 16 de Dezembro do mesmo ano, obtendo de imediato um acolhimento caloroso por parte do público e crítica especializada.
Grande parte da sua notoriedade assenta na forma estrutural perfeita, no estilo cíclico e temático, e sobretudo no lirismo exacerbado, tão característicos da música romântica francesa. Outra das suas singulares características é que o piano não se apresenta como mero acompanhamento e manifesta-se “igual na diferença”, ao desenvolver com o violino o discurso musical.
O primeiro andamento, Allegretto ben moderato, caracteriza-se pelo sentido poético e sonhador, patente no extremo lirismo da introdução. No entanto, e diferentemente da típica sonata clássica, os dois principais temas claramente delineados, o primeiro para o violino e o segundo para o piano, não caem na romântica estratégia da permuta temática; a narrativa musical manifesta-se na independência dos dois instrumentos.
O segundo andamento, Allegro, em contraste com o primeiro, apresenta um Franck intenso, dramático, robusto e apaixonado, embora sem deixar de parte o refinado lirismo e sentido poético – declamatório inerentes ao seu estilo, e dos quais são exemplo o segundo tema interpretado pelo violino após a secção introdutória, as mudanças de tempo que ocorrem no desenrolar do discurso musical e a secção que antecede o final tempestuoso que conclui o andamento. 
Extremos sentimentais marcam o terceiro andamento, Recitativo-Fantasia: Ben Moderato. Robert Jardillier considerou este andamento como “Uma das criações mais ousadas de Franck”. São notórias reminiscências do tema de abertura do primeiro andamento, mas aqui inseridas num ambiente ainda mais íntimo, com linhas melódicas de extrema serenidade e fantasia, mas uma vez mais contrastadas em determinadas secções com estados de virilidade e dramatismo. Este andamento exprime a dualidade emocional em que Franck se encontrava naquele peculiar momento da sua vida pessoal.
Allegretto poco mosso, o quarto e último andamento, é um magnífico resumo de toda a obra, fazendo alusões aos anteriores andamentos. A reciprocidade de temas entre o violino e o piano é uma constante. No decorrer do andamento, violino e piano dialogam em forma de cânon, até a secção central, onde o piano, através de um solo rico em harmonias contrapontísticas e acordes complexos, prepara a heróica intervenção do violino. Após a repetição do tema de abertura do andamento, a Sonata conclui com uma brilhante coda em lá maior.
Nascido na Noruega em 1843, Edvard Grieg estudou no Conservatório de Leipzig, Alemanha, e cedo se estabeleceu em Copenhaga após uma curta estadia no seu país natal.
Grieg pouco sabia de música popular norueguesa até contactar com o violinista Ole Bull no Verão de 1864 e um ano mais tarde, a influência de Rikard Nordraak e a sua visão nacionalista da música foram decisivas para o seu percurso composicional. Ao nível teatral, colaborou com figuras como Ibsen e Bjørnson.
Faleceu em 1907, dividindo a sua carreira entre a actividade de concertista e a composição, mas, sem dúvida, afirmou-se como o mais importante compositor nacionalista norueguês do século XIX.
A explosiva Sonata para Violino e Piano em Dó menor Op.45 foi a última das três sonatas para violino escrita por Edvard Grieg. É, sem dúvida, a mais empolgante do ciclo. O próprio compositor considerou-a “virada para horizontes mais abertos”.
Escrita no Outono do mesmo ano que a de Franck, em Troldhaugen, foi terminada em Janeiro do ano seguinte. Recebeu a sua estreia mundial a 10 de Dezembro de 1887 no Gewandhaus de Leipzig pelo violinista russo Adolph Brodsky, acompanhado ao piano pelo próprio compositor. Desde logo foi aclamada por todo mundo como uma das mais relevantes obras deste compositor.
Diferentemente das duas outras sonatas precedentes, esta é caracterizada pela intensidade, tragédia, virtuosidade e melancolia. Abraça totalmente a estética Romântica: da tonalidade escolhida (Dó menor) geralmente associada ao sentido de Pathos, ao uso de temas ritmicamente ferozes e condutores de padrões sequenciais.
O primeiro andamento Allegro molto ed appassionato é dividido em duas partes repetidas e com carácter distinto: a primeira de tom militar, marcado e violento que contrasta depois com a grande linha e carácter lírico da segunda. A segunda parte integra finalmente as reminiscências do material utilizado no início da obra e conclui com uma coda escrita em prestíssimo.
No segundo andamento, Allegretto espressivo alla Romanza, a natureza é evidenciada através de simples e comoventes melodias, contrastadas com secções de ritmos vivos que estão inteiramente ligados ao espírito do folclore típico do seu país.
O último andamento, Allegro animato, transporta em si o carácter afirmativo do primeiro andamento e é dividido em duas partes repetidas: a primeira de som marcado e deciso, contém igualmente uma parte intermédia de lirismo puro e honesto. A segunda integra reminiscências do material usado no início e termina com uma fugaz coda
em dó menor escrita em prestíssimo.

Bruno Monteiro



DEBUT
As sonatas para Violino e Piano
CÉSAR FRANCK (1822-1890)

Sonata para Violino e Piano em Lá Maior
Sonata for Violin and Piano in A Major

1 Allegretto ben moderato 06’27’’
2 Allegro 08’19’’
3 Recitativo-Fantasia: Ben Moderato 07’18’’
4 Allegretto poco mosso 06’17’’


EDVARD GRIEG (1843-1907)

Sonata para Violino e Piano em Dó menor Op.45
Sonata for Violin and Piano in C minor Op.45

5 Allegro molto ed appassionato 09’09’’
6 Allegretto espressivo alla Romanza 06’56’’
7 Allegro animato 07’42’’

Total: 52’26’’


Ref.: NUM 1154


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