JED BARAHAL - violoncelo/ Christina Margotto - piano
Luís de Freitas Branco - Fernando Lopes-Graça
"OBRAS PARA VIOLONCELO E PIANO\"
Luís de Freitas Branco | Fernando Lopes-Graça
Jed Barahal, violoncelo | Christina Margotto, piano
Editado pela Numérica, com o apoio da Delegação Regional da Cultura do Norte, este CD é interpretado pelo violoncelista Jed Barahal e pela pianista Christina Margotto, reunindo obras dos compositores Luís de Freitas Branco e Fernando Lopes-Graça.
Luís de Freitas Branco | Fernando Lopes-Graça
Jed Barahal, violoncelo | Christina Margotto, piano
Editado pela Numérica, com o apoio da Delegação Regional da Cultura do Norte, este CD é interpretado pelo violoncelista Jed Barahal e pela pianista Christina Margotto, reunindo obras dos compositores Luís de Freitas Branco e Fernando Lopes-Graça.
Informação detalhada:
Reveladora de uma natural inclinação clássica do seu autor e seguindo o princípio da construção cíclica que a familiariza com a ambiência estética de César Franck, a Sonata para Violoncelo e Piano composta por Luís de Freitas Branco no ano de 1913, após os estudos de composição que efectuou em Berlim, é hoje unanimemente considerada, por musicólogos e críticos especializados, um dos mais notáveis monumentos da música de câmara portuguesa, sendo, por isso mesmo, exemplo raro de composição musical lusa com qualidade suficiente para se poder afirmar no plano do grande reportório internacional.
Mas nos tempos que correm uma obra só logra alcançar notoriedade mundial se a partitura estiver convenientemente editada e se estiver bem representada no mercado discográfico, através de várias interpretações.
Independentemente do valor intrínseco da partitura, é a multiplicação de leituras realizadas por intérpretes diferentes, em circunstâncias diferentes e com referências culturais também elas variadas que vai revelando todas as dimensões da obra, nomeadamente algumas não consciencializadas pelo seu próprio autor. Daí que LFB estimasse conceder máxima liberdade ao intérprete das suas obras.
É nessa precisa medida que o intérprete competente e talentoso se apresenta como co-autor ou co-criador da obra. Esta só desenvolve todas as suas potencialidades através da necessária intervenção desse mediador. Sem a pluralidade de leituras a real grandeza de uma composição pode permanecer oculta ou nunca chegar a manifestar-se de modo pleno. Quer isto significar ser importantíssimo dar a conhecer novas interpretações, levadas a cabo por músicos intérpretes das mais diferentes nacionalidades.
Para que o património musical português ganhe a visibilidade antes referida é útil, se não mesmo imprescindível, que instrumentistas de outras nacionalidades se interessem pela obra e a toquem com regularidade. Imagine-se o que seria da Sinfonia Júpiter do Mozart se ao longo dos últimos duzentos anos só tivessem sido interpretados por uma ou duas orquestras da pátria do compositor e por outros tantos maestros da mesma proveniência. Se o valor da partitura é, indiscutivelmente, a primeira condição para que uma obra se possa afirmar junto do público, a verdade é que não é a única condição. Isso a que chamei a multiplicação de leituras é factor de extraordinária relevância numa sociedade tecnológica de consumo.
Em um dos concertos integrados no ciclo que assinalou o 50º aniversário da morte de Luís de Freitas Branco tive a feliz oportunidade de poder fruir ao vivo a esplêndida e comovente interpretação do violoncelista americano Jed Barahal e da pianista brasileira Christina Margotto – a melhor de todas as que me foi dado escutar em directo. A partir de agora, fica assim disponível ao grande público a notável interpretação de Jed Barahal e Christina Margotto. É este um projecto que se deve, em primeiro lugar, à dedicação e à paixão artística destes dois músicos estrangeiros que, para nosso bem, escolheram Portugal como local de residência. Mas a outra pessoa se deve a existência do presente CD: refiro-me ao meu querido amigo maestro José Atalaya, pois esta edição discográfica é precioso fruto do infinito amor de um discípulo pelo seu saudoso Mestre, assim como também efeito de um continuado e nobre esforço desenvolvido ao longo de décadas pelo maestro Atalaya em defesa dos artistas intérpretes. É o resultado de um tão bonito quanto raro reconhecimento duplo: o de uma dádiva pretérita e de uma dádiva presente. Saiba agora o público ouvinte fruir ambas.
João Maria de Freitas Branco
Caxias, 5 de Abril de 2006
Luís de Freitas Branco
Sonata para violoncelo e piano (1913)
1 | Moderado
06’17’’
2 | Muito vivo
04’43’’
3 | Muito moderado
04’10’’
4 | Muito vivo
08’12’’
Fernando Lopes-Graça
5 | Página Esquecida (1955)
05’39’’
Três Canções Populares Portuguesas (1953)
6 | Senhora da Encarnação
02’11’’
7 | Ó, ó, menino, ó (Embalo)
02’16’’
8 | Senhora do Almurtão
01’48’’
Adagio ed alla Danza (1965)
9 | Adagio
04’04’’
10 | Alla Danza
02’14’’
Três Inflorescências, para violoncelo solo (1973)
11 | Quase Prelúdio
04’39’’
12 | Quase Ária
03’28’’
13 | Quase Dança
04’08’’
Quatro Invenções, para violoncelo solo (1961)
14 | Allegro
02’08’’
15 | Andante
03’48’’
16 | Vivace
01’41’’
17 | Lento
03’32’’ Total: 65’00’’
Mas nos tempos que correm uma obra só logra alcançar notoriedade mundial se a partitura estiver convenientemente editada e se estiver bem representada no mercado discográfico, através de várias interpretações.
Independentemente do valor intrínseco da partitura, é a multiplicação de leituras realizadas por intérpretes diferentes, em circunstâncias diferentes e com referências culturais também elas variadas que vai revelando todas as dimensões da obra, nomeadamente algumas não consciencializadas pelo seu próprio autor. Daí que LFB estimasse conceder máxima liberdade ao intérprete das suas obras.
É nessa precisa medida que o intérprete competente e talentoso se apresenta como co-autor ou co-criador da obra. Esta só desenvolve todas as suas potencialidades através da necessária intervenção desse mediador. Sem a pluralidade de leituras a real grandeza de uma composição pode permanecer oculta ou nunca chegar a manifestar-se de modo pleno. Quer isto significar ser importantíssimo dar a conhecer novas interpretações, levadas a cabo por músicos intérpretes das mais diferentes nacionalidades.
Para que o património musical português ganhe a visibilidade antes referida é útil, se não mesmo imprescindível, que instrumentistas de outras nacionalidades se interessem pela obra e a toquem com regularidade. Imagine-se o que seria da Sinfonia Júpiter do Mozart se ao longo dos últimos duzentos anos só tivessem sido interpretados por uma ou duas orquestras da pátria do compositor e por outros tantos maestros da mesma proveniência. Se o valor da partitura é, indiscutivelmente, a primeira condição para que uma obra se possa afirmar junto do público, a verdade é que não é a única condição. Isso a que chamei a multiplicação de leituras é factor de extraordinária relevância numa sociedade tecnológica de consumo.
Em um dos concertos integrados no ciclo que assinalou o 50º aniversário da morte de Luís de Freitas Branco tive a feliz oportunidade de poder fruir ao vivo a esplêndida e comovente interpretação do violoncelista americano Jed Barahal e da pianista brasileira Christina Margotto – a melhor de todas as que me foi dado escutar em directo. A partir de agora, fica assim disponível ao grande público a notável interpretação de Jed Barahal e Christina Margotto. É este um projecto que se deve, em primeiro lugar, à dedicação e à paixão artística destes dois músicos estrangeiros que, para nosso bem, escolheram Portugal como local de residência. Mas a outra pessoa se deve a existência do presente CD: refiro-me ao meu querido amigo maestro José Atalaya, pois esta edição discográfica é precioso fruto do infinito amor de um discípulo pelo seu saudoso Mestre, assim como também efeito de um continuado e nobre esforço desenvolvido ao longo de décadas pelo maestro Atalaya em defesa dos artistas intérpretes. É o resultado de um tão bonito quanto raro reconhecimento duplo: o de uma dádiva pretérita e de uma dádiva presente. Saiba agora o público ouvinte fruir ambas.
João Maria de Freitas Branco
Caxias, 5 de Abril de 2006
Luís de Freitas Branco
Sonata para violoncelo e piano (1913)
1 | Moderado
06’17’’
2 | Muito vivo
04’43’’
3 | Muito moderado
04’10’’
4 | Muito vivo
08’12’’
Fernando Lopes-Graça
5 | Página Esquecida (1955)
05’39’’
Três Canções Populares Portuguesas (1953)
6 | Senhora da Encarnação
02’11’’
7 | Ó, ó, menino, ó (Embalo)
02’16’’
8 | Senhora do Almurtão
01’48’’
Adagio ed alla Danza (1965)
9 | Adagio
04’04’’
10 | Alla Danza
02’14’’
Três Inflorescências, para violoncelo solo (1973)
11 | Quase Prelúdio
04’39’’
12 | Quase Ária
03’28’’
13 | Quase Dança
04’08’’
Quatro Invenções, para violoncelo solo (1961)
14 | Allegro
02’08’’
15 | Andante
03’48’’
16 | Vivace
01’41’’
17 | Lento
03’32’’ Total: 65’00’’
Ref.: NUM 1139
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