quinta-feira, 14 de abril de 2011

Opus Ensemble - OPUS ENSEMBLE - 2007



A apresentação, em primeira gravação discográfica mundial, de duas notáveis obras de matriz autoral portuguesa dedicadas ao Opus Ensemble é o conceito básico que determinou a escolha do repertório deste CD.

A persistente acção divulgadora da música portuguesa encetada pelo Opus Ensemble em 1980 teve em Fernando Lopes Graça um apoiante incondicional. A sua relação artística e humana com Olga Prats e com Ana Bela Chaves é anterior à fundação do Opus Ensemble, saudada pelo grande compositor com sincero entusiasmo. Os laços preexistentes geraram assim novos e vigorosos vínculos.

Geórgicas foi dedicada ao Opus Ensemble em 1989. A primeira audição mundial teve lugar em Tomar (14/12/1991) e a estreia latinoamericana foi organizada pela Associação Wagneriana de Buenos Aires, com o patrocínio da tutela ministerial da cultura da República Argentina e com o apoio da Embaixada de Portugal (25/08/1993). A obra foi videogravada em estúdio pela RTP e gravada ao vivo pela RDP, mas permaneceu discograficamente inédita até agora.

De Profundis à memória de Bruno Pizzamiglio (Op. 130) de António Victorino d’Almeida foi a primeira obra dedicada a um Opus Ensemble reagrupado como quarteto, depois da redução a trio motivada pelo falecimento, em 1997, do oboísta fundador do conjunto.

A sua estreia (Viana do Castelo, 20/09/2003) assinalou a primeira actuação do Opus Ensemble com Pedro Ribeiro, hoje integrante permanente do conjunto.

Nas notas de programa daquele evento, escreveu o próprio compositor (excertos): “Bruno Pizzamiglio deixou-nos e o seu lugar no Opus Ensemble ficou vazio e silencioso. Mas nada pode ser para sempre, nem mesmo a ausência ditada pela morte, quando se atenta no tal conceito superior, complexo mas concreto, que se chama ressurreição... De Profundis é, sem dúvida, uma longa e agitada meditação sobre esse fenómeno estranho – aqui e além assustador ou mesmo aberrante, noutros casos, quase encarável como natural – que é a passagem de alguém que nós conhecemos, com quem lidámos e trabalhámos, para o mundo aparentemente distante da sua futura ressurreição”... “Um único acorde claramente em modo Maior, no último tempo do último compasso, define a certeza que afinal sempre tive na verdade indiscutível dessa ressurreição e o Opus Ensemble ressurgirá hoje sem qualquer lugar vazio nem silencioso, não por ter passado o luto, mas por ter passado o tempo.”

Haydn e Beethoven, nomes de peso em qualquer repertório, são aqui particularmente bem-vindos por constituirem arquétipos referenciais merecedores de especial admiração, publicamente assumida, por parte dos dois insignes criadores portugueses que o Opus Ensemble, com orgulho e gratidão, homenageia neste CD.

Em epílogo, uma cálida saudação para João Almeida (Antena 2) e para Fernando Rocha (NUMERICA), que tornaram possível, com entusiasmo e eficácia, a realização deste empreendimento.




Alejandro Erlich Oliva

Lisboa, 2007

FRANZ JOSEPH HAYDN
(Rohrau, Áustria, 1732-Viena, Áustria, 1809)
SONATA Op. 11 Nº4, em Fá Maior 10’02’’

1 Adagio 03’24’’
2 Menuetto 02’50’’
3 Presto 01’48’’

LUDWIG VAN BEETHOVEN
(Bona, Alemanha, 1770 – Viena, Áustria, 1827)
4 VARIAÇÕES “PROMETEU” Op. 43 05’55’’

FERNANDO LOPES-GRAÇA
(Tomar, Portugal, 1906 - Parede, Portugal ,1994)
GEORGICAS* 17’38’’

5 Pastoril 02’14’’
6 Idílico 01’33’’
7 Festivo 01’48’’
8 Contemplativo 02’40’’
9 Ritualmente 03’08’’
10 Gaio 02’02’’
11 Nocturnal 02’35’’
12 Rústico 01’38’’

ANTÓNIO VICTORINO D’ALMEIDA
(Lisboa, Portugal,1940)
13 DE PROFUNDIS 23’20’’
à memória de Bruno Pizzamiglio, Op. 130*

Total: 55’49’’
*: obra dedicada ao Opus Ensemble, em 1ª gravação discográfica mundial.



Ref.: NUM 1150

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