segunda-feira, 2 de maio de 2011

20TH CENTURY EXPRESSIONS


BRUNO MONTEIRO - Violino | JOÃO PAULO SANTOS - Piano


I-Tunes:

Este disco recolhe um conjunto de obras escritas para violino e piano, por três compositores importantes mas frequentemente subvalorizados. Compostas entre 1904-1920, estas três obras revelam algumas das fontes que contribuiram para os estilos verdadeiramente internacionais dos seus autores: Sonata para violino e Piano, op. 9 em Ré menor por Karol Syzmanowski (1882-1937); Sonata No. 1 para Violino e Piano, por Ernest Bloch (1880-1959); e uma selecção de peças de música de cena para Much Ado about Nothing, Op. 11 escrito por Erich Wolfgang Korngold (1897-1957).

Enquanto cada obra salienta uma fase diferente dentro na carreira do seu compositor, estas peças raramente gravadas revelam o enorme talento dos seus autores. O talento precoce da juventude no caso de Syzmanowski (já pelo título a sonata indica ser uma obra claramente tonal mais próxima do mundo sonoro de um César Franck que do compositor da ópera Rei Roger, por exemplo). O talento inquieto do mestre exilado na era pós-guerra que no caso da sonata de Bloch é uma das últimas peças que ele acabaria antes da sua afirmação na estética neo-clássica. No caso da suite do Korngold, observamos a habilidade magistral e a invenção melódica tão características de alguém que definiria os elevadíssimos níveis para a escrita de música para filmes durante a chamada “idade de ouro” de Hollywood.
Em resumo, esta é uma edição importante para qualquer ouvinte que queira entender a sintese evocativa dos estilos que caracterizaram uma grande parte da música que existiu no inicio do século passado (Strauss, Franck, Chausson, Debussy, entre tantos outros) no processo de serem habilmente trabalhados e assumidos por uma geração de compositores talentosos.


Informação detalhada:


As obras reunidas no presente CD representam três compositores cuja produção, embora hoje ainda algo negligenciada relativamente à de outros autores comummente reconhecidos como sendo os grandes mestres da primeira metade do séc. XX, é sem sombra de dúvida representativa da época em que foi criada, bem como das convulsões estéticas, políticas e sócio-culturais que caracterizaram o período histórico em questão.

Os percursos biográficos e criativos dos compositores Ernest Bloch (1880-1959), Karol Szymanowski (1882-1937) e Erich Wolfgang Korngold (1897-1957) apresentam traços comuns que importa assinalar. O primeiro deles diz respeito ao esquecimento quase total em que as respectivas obras caíram durante décadas, tendência essa que tem vindo a reverter-se em anos recentes. O segundo, de natureza biográfica, agrupa Korngold e Bloch no número dos compositores de origem judaica que se refugiaram nos E.U.A. à medida que a ideologia nazi se expandia e ganhava força na Europa do seu tempo. 
Em termos estéticos, uma matriz pós-romântica de filiação germânica fortemente marcada pela influência de Richard Strauss (e Richard Wagner) é comum aos três compositores. Se Korngold se manteve essencialmente fiel a essa matriz, Szymanowski e Bloch cultivaram estilos eclécticos incorporando elementos do impressionismo francês de Debussy e Ravel, mas também das mitologias grega, árabe e polaca, no primeiro caso, e hebraica, no segundo; aliás, importa referir que tanto Bloch como Szymanowski dedicaram partes substanciais da sua produção musical a obras de inspiração étnica ou pendor nacionalista. 
Um outro ponto comum entre Szymanowski e Bloch diz respeito à postura de cada um destes autores perante a música. De facto, ambos acreditavam numa dimensão filosófica e espiritual da sua arte, o que no primeiro caso nos remete para a ligação que o compositor manteve com o grupo “Polónia Jovem” ao longo da primeira década do séc. XX. De facto, as ideias expostas por Stanislaw Prybyzewski, porta-estandarte desse movimento literário, preconizavam uma arte que transcende a vida e perscruta a essência do universo, tornando-se a mais elevada forma de religião na qual o artista assume o papel de sacerdote; essas ideias influenciaram Szymanowski na sua primeira fase criativa, transformando algumas das suas obras num refúgio interior liberto dos constrangimentos e tensões do mundo real, e habitado por mitologias às quais já fizemos alusão. No caso de Bloch, a crença no carácter eminentemente espiritual da música e da humanidade remete-nos para uma busca constante do “eu colectivo”, nas obras de cariz étnico do ciclo judaico, e do “eu individual”, na sua postura tanto como criador como enquanto pedagogo; mantendo a sua independência relativamente a qualquer escola ou sistema de composição, Bloch estimulou nos seus múltiplos alunos um desenvolvimento consentâneo com a personalidade e os atributos individuais de cada um, afirmando ter como única preocupação ser sincero e verdadeiro. Korngold, por seu turno, transpunha essa mesma ideia ao reflectir sobre os diferentes géneros musicais que foi levado a praticar enquanto compositor; numa fase crucial da sua vida criativa, em 1946, confiava a um entrevistador que, embora a forma e a escrita possam variar de obra para obra, o compositor não deve fazer quaisquer concessões relativamente ao que considera ser a sua ideologia musical.


Karol Szymanowski (1882-1937)

1. Nota biográfica
Karol Szymanowski nasceu a 3 de Outubro de 1882 em Tymoszowka (Ucrânia), no seio de uma família da nobreza polaca que dava a mais alta importância à educação pelas artes e pela literatura. A sua formação musical inicial foi-lhe ministrada pelo seu pai (que tocava violoncelo e piano) e pelo seu tio Gustav Neuhaus.
A descoberta de Lohengrin de R. Wagner em 1895 revelou-se especialmente motivadora para o jovem compositor, que escreveu então duas sonatas para piano e uma sonata para violino, infelizmente perdidas.
A partir de 1901 instalou-se em Varsóvia, onde estudou harmonia com Marek Zawirski, contraponto e composição com Zygmunt Noskowski. Por volta de 1905 formou com três outros compositores o grupo “Jovem Polónia Musical”, inspirado pelo movimento literário homólogo; embora essa ligação não tenha sido duradoura, culminando num concerto realizado em 1906, foi através dela e do seu patrono, o Príncipe Wladyslaw Lubomirski, que as obras de juventude de Szymanowski foram publicadas e difundidas tanto na Polónia como na Alemanha. Datam desta época peças para piano (estudos, prelúdios, variações, sonatas), uma Sonata para violino e piano, uma Abertura de concerto e várias canções sobre textos de jovens autores polacos.
Nos anos subsequentes, Szymanowski estudou intensamente as obras de compositores pós-românticos alemães; viajou pela região mediterrânica, cuja cultura o impressionou e inspirou, sendo de salientar a sua estadia em Itália e na Sicília em Abril de 1911. Durante esse ano e o seguinte passou grande parte do seu tempo em Viena, tendo apresentado obras como a Sonata nº 2 para piano, a Sinfonia nº 2 e a ópera Hagith. 
Novas viagens pela Sicília e pelo Norte de África vieram aumentar o seu interesse pela cultura mediterrânica; essa influência, juntamente com a da música impressionista francesa com a qual contactou durante uma estadia em Paris em 1914, ditou um afastamento relativo em relação à matriz estética de origem germânica que caracterizara as suas obras anteriores. Refugiado em Tymoszowka durante os anos da 1ª Guerra Mundial, Szymanowski compôs intensamente, tendo produzido vários ciclos de canções, Metopy e Maski para piano, Mity para violino e piano e ainda o Concerto para violino nº 1 e a Sinfonia nº 3.
Na sequência da Revolução russa de 1917, foi-lhe confiscada a propriedade de Tymoszowka; um ano mais tarde a Polónia recuperava a sua independência. Para Szymanowski, o período subsequente foi marcado por uma reflexão relativamente ao seu papel enquanto compositor polaco, por um questionamento interior face à dura realidade que a guerra viera revelar e por problemas de ordem material. O ciclo de canções Slopiewnie, de 1921, veio determinar um novo rumo na sua actividade criativa, inaugurando uma fase em que a orientação nacionalista e a influência da música de Stravinsky passaram a assumir um papel preponderante. Neste contexto importa referir obras como as vinte Mazurkas op. 50 para piano e o ballet Harnasie, inspiradas pela música dos habitantes da região de Zakopane.
Entretanto, a sua popularidade foi aumentando a nível internacional, o que conduziu à sua nomeação como director do Conservatório de Varsóvia em 1927, mas os anos que se seguiram foram de luta contra adversários que não aceitavam os seus ideais artísticos.
Sofrendo de depressão e tuberculose, foi forçado a adoptar um estilo de vida mais moderado, tendo sido nomeado reitor do Instituto de Música de Varsóvia em 1930, lugar que ocupou durante dois anos. Compôs ainda a Sinfonia concertante para piano e orquestra e o Concerto para violino nº 2, mas a partir de 1934, lutando com graves problemas financeiros contra o rápido declínio do seu estado de saúde, não foi capaz de produzir nenhuma obra substancial. Morreu em Lausanne a 29 de Março de 1937.

2. Sonata para violino e piano em Ré menor op.9
A Sonata para violino e piano em Ré menor op.9 data de 1904, tendo sido composta durante a primeira estadia do seu autor em Varsóvia. Nessa altura, como vimos, Szymanowski recebia lições de Zygmunt Noskowski, mestre que lhe revelou os princípios da composição deste género musical segundo a tradição romântica germânica e o fez descobrir importantes modelos como Johannes Brahms ou César Franck.
A obra, estreada a 19 de Abril de 1909 pelo violinista Paul Kochanski e pelo pianista Arthur Rubinstein (ambos grandes amigos e adeptos do compositor) compõe-se de três andamentos, Allegro moderato – Patetico, Andantino e tranquillo dolce (quasi cadenza) e Finale: Allegro molto quasi presto. Se no primeiro são evidentes as influências de Robert Schumann e César Franck, o segundo evoca um universo mais próximo do de Frédéric Chopin. O terceiro é geralmente considerado o mais convencional.


Ernest Bloch (1880-1959)

1. Nota biográfica
Ernest Bloch nasceu em Genebra (Suíça) a 24 de Julho de 1880. Aí, os seus primeiros estudos musicais centraram-se no violino (com os professores Albert Gross e Louis Etienne-Reyer), no contraponto e na composição (com o professor Emile Jacques-Dalcroze). Em Bruxelas, para onde partiu seguindo a sugestão de Martin Marsick, prosseguiu os seus estudos instrumentais com Eugène Ysaïe e Franz Schörg, bem como a sua formação enquanto compositor com François Rasse. Em Frankfurt e Munique aperfeiçoou-se junto de Ivan Knorr e Ludwig Thuille, respectivamente. Durante um ano (entre 1903 e 1904) viveu em Paris e tomou contacto com o impressionismo de Debussy, cuja influência absorveu antes de regressar a Genebra, onde casou com Margarethe Augusta Schneider. Desta fase, podemos destacar obras como: Symphonie orientale, Vivre-Aimer, Sinfonia em dó sustenido menor e ainda os dois poemas sinfónicos Hiver – Printemps.
Durante o período da sua vida que se seguiu (até 1916), exerceu uma actividade comercial no negócio estabelecido pelo seu pai, não deixando por isso de praticar a composição, a direcção de orquestra e a leccionação de estética musical no Conservatório de Genebra. O seu drama lírico Macbeth data deste período, tendo sido estreado no Théâtre de l’Opéra-Comique, em Paris, no ano de 1910. O seu ciclo judaico, também desta época, compreende obras como os Salmos 137 e 114 para soprano e orquestra (1912-14), o Salmo 22 para barítono e orquestra (1914), a sinfonia Israel (1912-16) e a célebre rapsódia Schelomo para violoncelo e orquestra (1915-16). 
Em 1916 Bloch partiu pela primeira vez rumo aos E.U.A. Inicialmente contratado como maestro para uma tournée da companhia de dança Maud Allan, acabou exercer vários outros cargos de natureza pedagógica na Mannes School of Music (Nova Iorque), na escola experimental de Joanne Bird Shaw (Peterboro, New Hampshire), no Cleveland Institute of Music (de que foi o primeiro director, entre 1920 e 1925) e no San Francisco Conservatory of Music (que dirigiu entre 1925 e 1930). Para além destas actividades, dirigiu igualmente um coro amador no seio da Manhattan Trade School de Nova Iorque, bem como várias execuções das suas obras orquestrais em Boston, Nova Iorque e Filadélfia. Recebeu vários prémios e distinções, tendo assinado um contrato com a firma G. Schirmer para a publicação das suas obras de inspiração judaica. Neste primeiro período americano compôs duas sonatas e Baal Shem para violino e piano, From jewish life para violoncelo e piano, Poems of the sea para piano, Concerto grosso nº 1 para orquestra de cordas e piano, e ainda as obras orquestrais America: an epic rhapsody, Four episodes e Helvetia.
Ernest Bloch regressou à Europa, onde passou grande parte da década de 1930 compondo e dando a conhecer as suas obras. Compôs Avodath hakodesh, Voice in the wilderness, Evocations e ainda um Concerto para violino e orquestra. 
Devido ao anti-semitismo crescente nos anos que antecederam a 2ª Guerra Mundial e sua à intenção de preservar a nacionalidade americana que obtivera em 1924, Bloch instalou-se de novo nos E.U.A., tendo leccionado na Universidade da California (Berkeley) entre 1940 e 1952. Durante os últimos anos da sua vida, continuou a compor e a ser distinguido com vários prémios, datando desta fase obras como o Concerto grosso nº 2, os Quartetos de cordas nº 2 a 5, e ainda Suite symphonique, Concerto symphonique e Sinfonia breve. Bloch sucumbiu em 1959, um ano depois de ter sido submetido a uma cirurgia motivada por uma doença do foro oncológico.

2. Sonata nº 1 para violino e piano
Esta obra, datada de 1920, é talvez uma das mais ásperas e violentas do seu autor, exprimindo sentimentos de revolta, furor e raiva estimulados pelos horrores da 1ª Guerra Mundial; nas palavras do autor, trata-se de uma “obra atormentada, escrita pouco depois da terrível guerra e da terrível paz”. Nesse sentido, ela apresenta um paralelo com a Sonata nº 1 para violino e piano de Béla Bártok, composta no ano seguinte. Sem um centro tonal definido, contrariamente à maioria das obras do mesmo autor, esta obra apresenta três andamentos (Agitato, Molto quieto, Finale: Moderato - Lento assai). O primeiro, brutal e agressivo, leva aos limites o quadro formal da forma sonata, baseando-se num tema de carácter quase obsessivo que vem sistematicamente interromper qualquer tentativa de evasão improvisatória; o segundo, Molto misterioso, evoca um sentimento de calma “tibetana”, na expressão do próprio autor; o terceiro compreende um tema de marcha que atinge um ponto culminante antes de se ouvir uma reminiscência do Agitato inicial, após a qual um epílogo lento terminando em mi maior sugere uma reconciliação e um sentimento de paz interior.


Erich Wolfgang Korngold (1897-1957)

1. Nota biográfica
Nascido a 29 de Maio de 1897 em Brno (Morávia, actualmente parte da República Checa), Erich Wolfgang Korngold foi educado em Viena, onde o seu pai, o importante crítico musical Julius Korngold, trabalhava em associação com o célebre Eduard Hanslick. O seu talento precoce evidenciou-se em tenra idade; aos nove anos, Korngold apresentou a Gustav Mahler a sua cantata Gold, tendo este último declarado que ele era um génio.
A sua educação musical foi desde cedo confiada a mestres eminentes como Robert Fuchs e Alexander von Zemlinsky. O ballet Der Schneemann, composto quando tinha apenas onze anos, o Trio com piano e a Sonata em mi para piano impressionaram personalidades de grande envergadura, entre as quais se contam Richard Strauss, Giacomo Puccini, Jean Sibelius, Engelbert Humperdinck, Karl Goldmark, Bruno Walter, Arthur Nikisch e Arthur Schnabel.
Durante a adolescência, Korngold produziu obras em vários géneros, nomeadamente Schauspiel Ouvertüre, a sua primeira obra orquestral, as óperas Der Ring des Polykrates e Violanta, várias canções e obras de música de câmara, e ainda a música de cena para a peça Much Ado About Nothing, de William Shakespeare. Em 1920 alcançou fama internacional com a estreia dupla da sua ópera Die tote Stadt, baseada no romance Bruges-la-Morte do escritor simbolista belga Georges Rodenbach, em Hamburgo e Colónia. Três anos mais tarde, depois de ter completado um Concerto para a mão esquerda que o pianista Paul Wittgenstein lhe encomendara, iniciou a composição de uma quarta ópera, Das Wunder der Heliane, tendo igualmente arranjado e dirigido operetas de Johann Strauss, Jacques Offenbach e Leo Fall um pouco por toda a Europa, e leccionado composição na Vienna Staatsakademie. 
Em 1934, Korngold viajou para Hollywood a convite de Max Reinhardt, com quem trabalhara anteriormente em versões de Die Fledermaus e La belle Hélène; desta feita, Reinhardt requeria a sua colaboração para o célebre filme A midsummer night’s dream e Korngold impôs-se de imediato pela sua capacidade de adaptação ao cinema sonoro, novo meio de expressão, nomeadamente no que diz respeito à sincronização entre o som e a imagem.
Pouco tempo depois, Korngold foi solicitado simultaneamente pelas companhias Warner e Paramount para escrever a música original de um novo filme, Give us this night, mas não aceitou de imediato porque pretendia voltar a Viena, onde a composição de uma nova ópera, Die Kathrin, fora interrompida pela proposta de Reinhardt (por razões políticas, essa ópera não chegou a ser estreada em Viena em 1937, como previsto; a sua primeira apresentação pública deu-se em Estocolmo dois anos mais tarde, alcançando um sucesso menor que as suas óperas anteriores).
De novo em Hollywood a partir de Agosto de 1935, Korngold trabalhou em filmes como Give us this night, Captain Blood, The prince and the pauper, Anthony Adverse, The adventures of Robin Wood, The sea hawk, Kings row e The constant nymph, entre outros, inaugurando um género que pode designar-se como banda sonora sinfónica que o compositor concebia como “ópera sem canto” e que pode ser comparado, em termos cinematográficos, aos poemas sinfónicos de Franz Liszt ou de Richard Strauss. É de assinalar que, ainda assim, Korngold manteve sempre a preocupação de não negligenciar o conceito de “música pura”, o que o compeliu por um lado a criar bandas sonoras que pudessem ser apresentadas em concerto, independentemente da imagem visual, e por outro lado a extrair frequentemente partituras sinfónicas dessas mesmas bandas sonoras.
Após o fim da 2ª Guerra Mundial, Korngold cessou a sua actividade cinematográfica, mantendo-se embora nos E.U.A. Na última década da sua vida compôs obras como o Concerto para violino, o Concerto para violoncelo, a Serenata sinfónica para orquestra de cordas e a Sinfonia em Fá; o seu estilo, firmemente ancorado na tradição pós-romântica e nos modelos de Richard Strauss e Giacomo Puccini, era então claramente anacrónico, razão pela qual as obras caíram num esquecimento de que só recentemente começaram a sair. Korngold morreu em Hollywood a 29 de Novembro de 1957.

2. Viel lärm und Nichts (“Much Ado About Nothing”) op. 11
A música de cena para a peça Much Ado About Nothing de William Shakespeare op. 11 data, na sua versão original, de 1918-1919; a produção da peça no Burgtheater de Viena teve então cerca de oitenta representações, e a partitura de Korngold compreendia catorze números (I. Ouvertüre, II. “Don Juan”, III. Mummenschanz, IV. Festmusik, V. Lied des Balthasar, VI. Gartenmusik, VII. Intermezzo, VIII. Holzapfel und Schlehwein (Marsch der Wache) – Verhaftung, IX. Mädchen im Brautgemach, X. Kirschenszene, XI. Holzapfel und Schlehwein (Marsch der Wache), XII. Trauermusik, XIII. Intermezzo e XIV. Schlußtanz). 
Dessa partitura, o compositor extraiu uma primeira suite para orquestra de câmara, composta pelos números I, IX, VIII, VII e III da versão original, cuja estreia se deu em Viena a 24 de Janeiro de 1920, com a Orquestra Sinfónica de Viena sob a direcção do compositor. Seguiram-se as Quatro peças para violino e piano que figuram neste CD, correspondentes aos números IX, VIII, VII e III, apresentadas publicamente também em Viena a 21 de Maio de 1920 pelo violinista Rudolf Kolisch e pelo próprio Korngold. Existe ainda uma outra versão reduzida, Três peças para piano (números IX, VIII e III).
Ana Telles

KAROL SZYMANOWSKI (1882-1937)
Sonata para Violino e Piano em Ré menor Op.9

1 Allegro moderato-Patetico 08’38’’
2 Andantino tranquillo e dolce (quasi candeza) 06’06’’
3 Finale: Allegro molto, quasi presto 05’17’’

ERNEST BLOCH (1880-1959)
Sonata n.1 para Violino e Piano

4 Agitato 12’11’’
5 Molto quieto 09’26’’
6 Finale: Moderato-Lento assai 08’47’’

ERICH WOLFGANG KORNGOLD (1897-1957)
Much Ado About Nothing Op.11

7 Bridal Morning (Maiden in the Bridal Chamber) 03’39’’
8 Dogberry and Verges (March of the Sentinel) 02’12’’
9 The Garden Scene (Intermezzo) 05’40’’
10 Masquerade (Hornpipe) 02’17’’

Total: 64’44’’


Ref.: NUM 1173



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